segunda-feira, 21 de abril de 2014

Berit, um conceito histórico-genético

Berit, um conceito histórico-genético

Aliança
Um conceito histórico-genético 


Prof. Jorge Pinheiro, PhD
Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Teologia do Antigo Testamento

Metodologia e definição

Quando se estuda a religião de Israel, questões referentes à revelação e ao surgimento de determinados conceitos teológicos vêm à tona. Duas fortes correntes teológicas tentaram nos últimos duzentos anos apresentar respostas para essas questões. Uma apriorística, colocando a ênfase exclusivamente na revelação, e outra empirista, vendo a religião de Israel como fruto da experiência cultural e religiosa dos povos vizinhos.

Essas duas correntes, embora tenham armazenado um arsenal considerável de informações, que não podem ser descartados, pecam ao nível da metodologia. Não levam em conta que todo conhecimento pressupõe uma elaboração nova, e exige do estudioso jamais esquecer as duas caras de qualquer processo social e histórico. A primeira dessas facetas está diretamente ligada ao homem, enquanto sujeito, se dá no terreno formal, e só se torna necessária depois de elaborada. A outra cara dessa moeda, acontece ao nível do objeto, no terreno do real, e possibilita a conquista da objetividade.

Assim, o que precisamos entender é como se dá a origem de um conhecimento específico, ou de uma estrutura nova. Em primeiro lugar, seria um erro, afirmar que uma nova estrutura pode ser fruto único de um processo exclusivo, apriorístico, revelado ou inato. Ou, ao contrário, que repousa em características preexistentes do objeto. Em ambas os casos, o erro consiste em definir o conhecimento como predeterminado, quer por estruturas internas ao sujeito, quer por características preexistentes no objeto. Descarta-se, assim, o conhecimento enquanto construção efetiva e contínua.

O que acontece é que o conhecimento não começa com um sujeito plenamente consciente de seu ato histórico, nem de realidades definidas a priori. Resulta sim de interações que surgem da combinação de múltiplos fatores, que vão criando dependência e novas relações. Não é um intercâmbio entre formas diferentes, mas a construção de realidades com plasticidades inteiramente novas.

A este processo de surgimento de novas estruturas chamamos revolução. Isto porque são novas construções de conhecimento e não evolução ou reforma de uma estrutura já conhecida. Aqui, temos crise e ruptura de estruturas e conhecimentos anteriores, gerando fatores que criam novas relações e novos equilíbrios. Nesse processo haverá sempre um ou vários desequilíbrios iniciais, uma crise epistemológica, que rompe esquemas definidos, gerando movimentos que parecem estar fora do controle do sujeito.

Em relação à religião de Israel assistimos a essa revolução epistemológica na própria formação da aliança. Na construção dessa realidade, movimentos ao nível do indivíduo e da sociedade patriarcal desencadearam processos que revolucionaram o próprio conceito de religião e, por extensão, mudaram a face da fé no mundo.

Neste trabalho queremos mostrar como esse processo se desenvolveu e se realizou. Mais do que escrever a história da aliança abraâmica a intenção é definir uma metodologia de trabalho, que possibilite ao estudante entender o processo que gerou novas estruturas na religião de Israel e a partir daí compreender a afirmação de Kaiser, quando diz que “a natureza da teologia do AT (...) não é meramente uma teologia que está em conformidade com a Bíblia inteira, mas é aquela teologia que se descreve e se contém na Bíblia (...) e conscientemente vinculada de era em era, enquanto todo o contexto antecedente e mais antigo se torna a base para a teologia que se seguia em cada era. Sua estrutura é disposta historicamente, e seu conteúdo é exegeticamente controlado. Seu centro e conceitualidade unificada se acham nas descrições, explanações e conexões textuais”.[2]

Assim, a aliança sinaítica, ou mosaica, surgirá como um fenômeno de consolidação em relação à aliança anterior. É, na verdade, uma normatização. E o movimento liderado por Esdras, no período pós-exílio, é um momento de reforma. Aliás, convém notar que o judaísmo, alavancado por Esdras, é um movimento reformista dentro da religião de Israel. Outro revolução epistemológica acontecerá depois, no bojo da guerra dos macabeus. Entender esse processo, é definir o movimento de uma metodologia que leva à compreensão da religião de Israel e, por extensão, dos fenômenos sociais e históricos que eclodiram com o surgimento do cristianismo.

A tradição bíblica apresenta os pais da humanidade e os patriarcas como monoteístas. Adão, Sete, Noé, Abraão e seus descendentes conheciam Elohim e guardavam seus preceitos. O politeísmo surge como degeneração e distanciamento do Deus criador. Essa visão, ainda hoje, prevalece no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, e era hegemônica em toda a cultura ocidental até há duzentos anos. No entanto, a partir de Darwin, e do desenvolvimento das ciências naturais no século 19, essa crença foi seriamente abalada.

O criticismo clássico

A visão clássica da crítica bíblica, da qual J. Wellhausen é um dos expoentes, parte dessa postura empiricista e considera que a profecia clássica foi a fonte do monoteísmo israelita. Na verdade, para Wellhausen, os profetas literários criaram o monoteísmo ético, e a Torah é apenas a formulação sacerdotal-popular posterior do pensamento profético.

É importante notar que a hermenêutica crítica vê a Bíblia apenas como objeto histórico, fonte preservada de informações sobre a cultura e história dos hebreus. Assim, as bases de sua metodologia repousam sobre um arcabouço que combina racionalismo alemão, historicismo e idealismo filosófico. Em outras palavras, esta corrente que caracteriza a crítica acadêmica do século 19, considera a Bíblia, e no caso o Pentateuco, não como a palavra do Deus transcendental e imanente, que apresenta ao homem sua vontade e suas ações sobrenaturais, mas um documento histórico e textual, embora invulgar, que deve ser estudado à luz de outros textos religiosos, da história, da poesia e dos mitos dos povos vizinhos a Israel nos dois milênios que antecedem a Jesus Cristo.

O criticismo está preocupado com questões de autoria, data, circunstâncias, estilo e desenvolvimento do pensamento. O conteúdo da revelação tem valor secundário. Como conseqüência, esta postura leva a dois problemas: em primeiro lugar nega a história bíblica, como está apresentada no texto sagrado, e em segundo lugar propõe alterações em sua mensagem, a fim de que reflita o desenvolvimento do pensamento religioso.

Ao contrário, acreditamos que qualquer análise do surgimento da religião de Israel deve partir do homem Abraão e de seu contexto histórico e social. O mundo de Abraão é um mundo objetivo, não mitológico, e a aliança com o Deus Eterno a chave para entendermos todo o processo. Na primeira parte de nosso trabalho focalizamos a questão da aliança, como momento fundamental para a compreensão do livro de Gênesis e do Pentateuco, como um todo, já que nesses cinco livros estão as bases formais e necessárias da religião de Israel.

Mas, ao falar de aliança, colocamos em pauta uma outra pergunta: existiu entre o conhecimento formal de Abraão e a realidade histórica e social desse patriarca algum ponto de partida comum, algum elemento apriorístico? É claro que sim. E esse elemento, na questão da aliança, é o processo revelatório. Essa participação revelatória deve ser entendida como diferente das características inatas do sujeito, que estão ligadas aos sentidos, ao sistema nervoso e pertencem à ordem estrutural do sujeito. Já o processo revelatório, que abre caminho para um conhecimento novo, realiza-se ao nível da organização funcional. Caracteriza-se por ser ilimitado em sua possibilidade de construir noções e, acima de tudo, sobrepassa, vai além das informações sensíveis.

Apesar de seu empirismo, a crítica bíblica nos fornece uma série de informações que devem e precisam ser levadas em conta. O material colhido no campo da história, arqueologia, lingüística, sociologia e religião são imprescindíveis para entendermos o texto sagrado em seu contexto, historicidade e revelação progressiva.

A matriz do Pentateuco

Podemos dizer que a matriz do Pentateuco se encontra na aliança feita por Iaveh com Abraão, conforme encontramos em Gênesis 15. A consolidação dessa aliança acontecerá com Moisés, descrita em Êxodo 24 e reiterada em Deuteronômio 5, numa das montanhas do deserto do istmo, entre o Egito e Madiã-Seir. Essa é a idéia força de toda a religião de Israel. Um acordo que implica em salvação.

Berit, aliança, tem o sentido de obrigação, mas também de segurança. É um acordo entre duas pessoas, celebrado solenemente, com o derramamento de sangue. A parte mais forte fornece a segurança, ou a salvação, e a mais fraca se obrigava a determinados compromissos. Dessa maneira, a aliança impôs um relacionamento especial entre Deus e o povo. E os mandamentos e leis, dados no período da consolidação, transportam, assim, toda conotação legal e externa, para uma perspectiva de acordo maior. O centro da aliança está no primeiro mandamento do decálogo (as dez palavras, em hebraico) que proíbe a adoração de outros deuses, da milícia do céu e dos ídolos.

Mas a aliança é também um pacto moral. Só que o fundamental desse pacto, que perpassa toda a Torah não é sua mera formalização, já que outros povos também possuíam noções desenvolvidas de lei e moralidade. O assassinato, o roubo, o adultério e o falso testemunho eram condenados não apenas pela lei moral universal, mas também duramente punidos pelos códigos de Ur-Nammu, de Lipit-Ishtar e de Hamurabi, para citar os mais representativos. Agora, no entanto, pela primeira vez a moralidade é apresentada pelo próprio Deus como fruto de um relacionamento entre Ele e o povo, com normas para o estabelecimento de um reino de novo tipo. É uma aliança com toda a nação. A consolidação sinaítica, fruto da aliança abraâmica, vai além das sabedorias babilônica e egípcia, que lidam com o indivíduo. A moralidade apresentada no Gênesis, por exemplo, que é individual, ganha aqui uma roupagem nova, passa a ser coletiva e nacional.

Na verdade, a aliança que Iaveh faz com Abraão em Gênesis 15, historicamente, tem seu cumprimento em outra estrutura, no Sinai. Dessa maneira, literariamente, Gênesis não somente prepara o roteiro pentateuco, mas faz parte intrínseca dele. É bereshit não somente como saga da origem, mas como alicerce de todo o Pentateuco.

Equilíbrio e organização

É importante precisar que o conhecimento é sempre um processo de interação e organização, de construção de novas estruturas que se inserem nas já existentes. Todo conhecimento é sempre um padrão, uma medida de relação entre o sujeito e o objeto. Ou, se preferirmos, entre a nossa existência e o mundo. É impossível compreender a revolução da aliança abraâmica se não visualizarmos a dinâmica interior, que rasgou corações e mentes, assim como os fatores externos, que combinados geraram crise e ruptura numa relação anterior de interação e organização.

O período histórico aberto com a decadência de Ur e outras cidades da Mesopotâmia, com as migrações de povos, entre os quais grupos semitas para a Palestina e o Egito, levou todo o Crescente Fértil a um profundo desequilíbrio. Era uma época de conflitos e guerras, que levaram a novas formas de interação e organização. Colocamos os conceitos nessa ordem, porque interagir e organizar são aspectos de um mesmo processo. Interagir é sempre o equilíbrio necessário que resulta da relação entre a inteligência e o ambiente. É a resposta que damos a novas questões, quer de forma reflexiva, a partir do sujeito, quer de maneira dinâmica, procurando adaptar a realidade aos nossos desejos e necessidades. Só que acontece em primeiro lugar ao nível do objetivo, formalizando-se a posteriori.

Interagir implica em transformar a realidade circundante. Por isso, podemos dizer que a face objetiva da interação é a mudança, a reforma ou mesmo a revolução, e a subjetiva é a organização.

A organização tem como finalidade restabelecer um equilíbrio e para isso trabalha ao nível daquilo que se deseja. Procura-se uma meta, um fim, que coloque as coisas em seus devidos lugares e nos mostre a razão de ser das coisas. Quando se deseja alguma coisa é porque não temos essa coisa. Assim, organizar é definir como alcançar esse objetivo. Só que a organização é sempre genética, está em movimento. Não se estabiliza. Aponta sempre para uma organização nova e está sempre em construção. É claro que a organização é um processo formal, que se resolve ao nível do pensamento intelectual, por isso quando as condições sociais são violentamente desequilibradas, esse processo nunca é plenamente consciente. Ele se realiza, enquanto processo, historicamente. E é esse fenômeno, riquíssimo, construtor de novas estruturas e conhecimentos, que leva à construção do conceito de aliança.

A discussão em torno de um centro para a teologia do AT é polêmica, pois o próprio conceito de centro, para muitos teólogos, limita um segundo conceito: o de revelação progressiva. Ora, dizem eles, se a revelação é progressiva toda definição de centro é descabida.

Acontece que não devemos falar de um desenvolvimento linear, mas de uma expansão da revelação. Podemos tomar uma imagem, apesar dos perigos que um grafismo pode representar, de círculos concêntricos formados na água ao cair de uma pedra. Há sem dúvida uma progressão, assim como um centro, mas a expansão não é linear, se dá em todos os sentidos.

A teologia do AT tem por base o conceito da aliança, não como paradigma doutrinário gerador de dogmas, mas como descrição de um processo vivo, que tem origem em determinado momento histórico, numa relação entre Deus e um homem historicamente definido.

Assim, ao entendermos o conceito de aliança como centro unificador do AT a partir do diálogo entre Deus e Abraão, em Gênesis, a leitura do texto bíblico passa a ter uma compreensão muito mais ampla, que cresce conforme a aliança se transforma em osso e carne, primeiramente, na vida dos patriarcas e, posteriormente, na formação da própria nação.

O livro de Gênesis apresenta a humanidade recém formada como monoteísta. Até o capítulo 11 não vemos nenhum traço de idolatria. Só após Babel surge a idolatria, que seria contemporânea ao aparecimento das nações da antigüidade. Assim, a partir de Gênesis 12, temos nações idólatras e politeístas e indivíduos que adoravam ao Deus único. Entre estes estão Abraão e Melquisedeque. A compreensão desse fato é importante para tirarmos das costas de Abraão a responsabilidade de ter criado a primeira religião monoteísta. Ele não criou a religião do Deus único, mas viveu uma tradição, no sentido de transmissão de conhecimento e cultura, que vinha, em parte, de seus antepassados.

Homem e construção transistórica?

Vejamos um pouco mais sobre a vida desse homem, conforme descrita em Gênesis 12:1 a 25:18. Ele vivia na terra formada entre os rios Tigre e Eufrates, às margens de um afluente do Eufrates, chamado Balique. Viveu com sua família em Harã, uma cidade altamente desenvolvida. Seus parentes, Terá, Naor, Pelegue, Serugue, têm seus nomes registrados nos documentos de Mari e dos assírios como nomes de cidades naquelas regiões.

A cidade de Ur, onde vivera antes de ir para Harã, é situada pelos arqueólogos na região da moderna Tell el-Muqayyar, a catorze quilômetros de Nasiryeh, no sul do Iraque. Segundo estudos de Sir Leonard Woolley, do Museu Britânico, que reconstruiu a história de Ur desde o quarto milênio até o ano 300 a.C., o deus-lua Nanar, que era adorado em Ur, também era a principal divindade em Harã.

É interessante agregar, que todas as ofensivas da teologia liberal, que se baseavam principalmente nos estudos de Graf-Wellhausen, e que afirmam que Abraão, Isaque e Jacó não existiram como indivíduos, mas são personagens criados pela literatura mitológica israelita entre os anos 950 e 400, estão em franco descrédito. Isto porque a partir de 1925, uma série de descobertas arqueológicas produziu uma revolução de informação até então inédita. “Temos agora textos, literalmente dezenas de milhares, contemporâneos ao período das origens de Israel”. E Bright cita os 25 mil textos de Mari; os milhares de textos capadócios; os das execracões, os do médio império egípcio; e os tabletes de Nuzi, Alalakh, e Ras Shamra, produzidos entre os séculos 20 a.C. e 14 a.C.

Segundo os documentos diplomáticos de Mari, cidade situada na região do rio Eufrates, o início do segundo milênio se caracterizou pelo tráfego de tribos nômades por toda a região da Mesopotâmia e Babilônia. Essas tribos tinham sua economia baseada na pecuária, ovinocultura e criação de camelos.

A necessidade básica desses grupos era água e pastagens. Assim, a escassez desses elementos determinavam o movimento de toda a comunidade. Sendo uma economia ajustada, com mútua dependência de seus membros, forte sentido coletivo de propriedade, e consciência de uma descendência comum, o grande fator de desequilíbrio, fora questões climáticas, era o aumento natural da população tribal. Esse fator levava ao fracionamento do grupo, quando este crescia em demasia, à aglutinação de parcela de uma tribo a outro grupo tribal, ou a uma postura guerreira na tentativa de apossar-se de territórios controlados por comunidades agrícolas e sedentárias.

Normalmente, quando a terceira opção acontecia, essas tribos nômades, com o tempo, acabavam sendo assimiladas pela cultura sedentária. Nesses casos, os líderes nômades e seus descendentes, geralmente, passavam a ocupar a liderança da comunidade conquistada.

Abraão, seu pai e seus irmãos, assim como seu filho Isaque e seu neto, Jacó, foram nômades, ou melhor, seminômades, já que todos conheceram também a vida sedentária. Mas, Abraão, sem dúvida, foi um homem que viveu sob tendas, acompanhando seu rebanho às nascentes de água e pastagens. Enfrentou as guerras, que caracterizaram o período e o modo de vida tribal. Essa vida dura e cheia de dificuldades fazia desses homens pessoas bastante especiais para sua época.

Ao sair de Harã, Abraão deixava para trás a cultura politeísta babilônica. Mas isso não significa que todos os seus parentes compartilhavam suas idéias sobre a adoração do Deus único. Em Josué 24:2 vemos que membros de sua família eram politeístas. Em Canaã, também estava rodeado de idólatras, mas mesmo assim erigiu um altar a Elohim.

Este homem Abraão era, sem dúvida, alguém peculiar. Sua fé no Deus único produziu em sua vida um fruto muito especial. Era um homem que procurava a paz (13:8-9), generoso (14:21-24), hospitaleiro (18:1-8), intercessor (18:23-33), que buscava a justiça e o direito (18:19). Era um homem moral e temente a Deus.

Dessa maneira, os livros de Gênesis e Êxodo apresentam a fé israelita, enquanto construção, fundamentada em dois acontecimentos históricos. O primeiro, é a escolha de um homem historicamente definido, chamado Abrão, que foi tirado da cidade de Ur e levado para Canaã, uma terra prometida a ele e sua descendência (Gn.12:1-3; 13:14-17). Essa promessa foi selada com um pacto, uma aliança entre Iaveh e Abraão, conforme Gênesis 15:5-10. E o segundo fato histórico é a libertação dos descendentes de Abraão da escravidão do Egito, através de Moisés, e sua entrada na terra prometida (Ex.3:6-10).

Esses dois acontecimentos expressam a materialidade da aliança, que se traduz como escolha de Deus a favor de um homem, gerador de um povo, para uma missão definida. Realidade esta que foi reafirmada, centenas de anos depois, pelo príncipe dos profetas israelitas:

“Ouvi-me, vós, que estais à procura da justiça, vós que buscais a Iaveh. Olhai para a rocha da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, aquela que vos deu à luz. Ele estava só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei”. Isaías 51:1-2.

A aliança com Abraão foi selada com sangue, conforme os versículos 9 e 10 do capítulo 15 de Gênesis. Segundo os costumes semitas, o berit (pacto ou aliança) era feito através da degola de animais, geralmente um bezerro, que era dividido em duas partes, colocadas uma em frente à outra, e os contratantes passavam entre os pedaços (Jr.34:18-20) e diziam: “que a divindade corte em pedaços, como a estes animais, os violadores deste pacto”.

Daí as expressões, “karot berit”, imolar uma vítima para concluir um pacto; “bo ba berit”, entrar na aliança (Jr.34:10); “abor ba berit”, passar pela aliança (Dt. 39:2); “amod ba berit”, parar na aliança (2 Rs.23: 3). Assim, Deus deu a Abraão uma formalização do pacto. Ou seja, o próprio Deus selou o acordo com um costume humano, a fim de que a aliança pudesse ser visualizada por Abraão. E o Eterno, em seu amor pelo contratante mais fraco, passa no meio dos animais partidos (Gn.15:17). O versículo seguinte agrega:

“Naquele dia, o eterno estabeleceu uma aliança com Abrão nestes termos: à tua posteridade darei esta terra(...)”.

Aqui voltamos ao início dessa análise: por que o conceito de aliança fornece uma base para a compreensão do livro de Gênesis? Em primeiro lugar, porque o diálogo de Deus com Adão e Eva em Gênesis 3:15 aponta para um salvador. E em Gênesis 15 temos a primeira realização dessa promessa através da aliança com Abraão, que produzirá descendência, com duas missões: ser testemunha entre as nações, e ser a nação separada, da qual nasceria o Messias prometido.

“É de suma importância entender que a aliança iniciou uma nova relação entre Deus e Israel, uma relação imposta por Iaveh, mas exclusiva e íntima em seu ideal”.

Embora, na tradição judaica, o livro de Êxodo seja o livro da aliança, o conceito está presente e é desenvolvido no primeiro livro do Pentateuco.

Na aliança está embutida a idéia de salvação e de relacionamento pessoal com Deus. Esta realidade nova dentro do plano de redenção do homem, está implícita na declaração de Deus a Abraão: “Estabelecerei uma aliança entre eu e você, e a sua raça depois de você, de geração em geração, uma aliança perpétua, para ser o seu Deus e o da tua raça depois de você”. Gn.17:7. E como todo pacto, além do “berit milah” (pacto da circuncisão), Abraão e seus descendentes são chamados à responsabilidade moral (v.1) e à uma adoração permanente (vs.7 e 19).

Elementos estes, que a partir de Moisés serão desenvolvidos, dando origem à religião de Israel, que tem por base, num primeiro momento histórico a primazia do culto e suas ordenanças e, num segundo momento, com o surgimento da profecia literária, da justiça social. Assim, é impossível fazer uma completa separação entre aliança e reino. Este último será uma construção que tem como primeiro tijolo a nova relação estabelecida por Deus com homens. Aqui, somos obrigados a recorrer a alguns conceitos da epistemologia, para entendermos o papel da transmissão do conhecimento de Deus e de sua vontade, realizado através da aliança, que Gênesis nos apresenta. Segundo Piaget, quando estudamos o desenvolvimento e a construção das estruturas de conhecimento, vemos que esta construção se dá através de uma dissociação de conteúdos e da elaboração de novas formas, mediante uma abstração reflexiva de conhecimentos anteriores.

Ora, a relevância da epistemologia está em que ela nos mostra que, por mais importantes que sejam as origens de dado conhecimento, o que determinará sua essência é seu movimento genético. Assim, quando temos a formalização desse processo temos de fato um conhecimento inteiramente novo, que extrapola os dados iniciais, transbordando o real. Sabemos que a circuncisão na época de Abraão era um costume generalizado, associado aos poderes da reprodução humana, que servia de distintivo tribal. Também sabemos, como vimos anteriormente, que os pactos eram selados com sangue e o seu rompimento significava a morte do transgressor.

Esses conteúdos faziam parte da cultura de Abraão e de seu clã. Da mesma forma, outros conteúdos, como adoração / “edificar um altar” (Gn.12:8), obediência / “foi habitar nos carvalhais de Manre” (13:17-18), entrega de bens e posses / “e de tudo lhe deu o dízimo” (14:20), fidelidade / “ele creu no Senhor” (15:6), e consciência da onipotência divina / “não fará justiça o juiz de toda a terra?” (18:25) são conteúdos espirituais da fé de Abraão e dos homens santos que o antecederam.

Dessa maneira, a questão não está centrada nas origens desses conteúdos que, sem dúvida, são históricos e refletem as culturas das civilizações mesopotâmica e da bacia do Nilo, assim como a tradição monoteísta na época de Abraão. O fundamental aqui é entender que esses conteúdos se organizam em nova estrutura: a aliança abraâmica, que se constrói geneticamente, com história peculiar. Esta aliança, cuja gênese e história mostram uma elaboração sucessiva, que é o próprio Pentateuco, como síntese lingüística, não é pré-formada. Sua construção histórico-genética é autenticamente constitutiva e não se reduz a um mero conjunto de conteúdos acessíveis.

O conhecimento que se origina na atividade reflexa do sujeito recebe com a revelação esta organização funcional, que o torna possível. Aqui, convém notar que para o conhecimento que tem por base o processo da revelação a organização funcional sempre se mantém invariável. Ou seja, essa organização funcional se mantém em equilíbrio, apesar dos processos vividos nas estruturas. E mais do que isso, se impõe a elas como necessárias.

É um bereshit, um fiat, um momento especial que dá origem à essa estrutura nascente: é a revelação. A partir da promessa de Gênesis 3:15 temos uma revelação. A aliança surge como revelação, como ruptura que dá vida a antigos conteúdos, colocando em movimento um processo histórico-genético que vai-se construir enquanto estrutura (povo escolhido / terra prometida) e dar novo salto com a formalização maior realizada no Sinai.

Esta realidade leva à uma outra, que é o da linguagem do Pentateuco, na seqüência da aliança. Considerando a moderna lingüística, do ponto de vista estrutural, vemos que a linguagem tem duas grandes características: por um lado é universal, enquanto estrutura geral, humana e, por outro, é livre e não serve apenas à função comunicativa, “mas é antes um instrumento para a livre expressão do pensamento e para a resposta apropriada às novas situações”.

Isto é o que explica o fato das grandes revoluções do conhecimento serem sempre acompanhadas pelo surgimento de uma linguagem nova e de novas estruturas de pensamento. Ora, a aliança descrita em Gênesis 15 e 17 vai abrir um processo de revolução em relação ao conhecimento de Deus e de sua vontade, e vai gerar uma nova linguagem.

De forma crescente vemos nos capítulos seguintes de Gênesis e dos demais livros do Pentateuco essa nova linguagem ganhar forma e consolidar-se enquanto linguagem da teologia da aliança.

Algumas palavras serão fundamentais nessa nova linguagem: acordo / aliança / pacto (berit, conforme Gn.12:2; 15:17; 17:7-8; 22: 16-18); altar / holocausto / sacrifício (conforme Gn. 12:7; 22:9; 35:1,7; Êx. 17:5; 24:4; 27:1-8; 30: 1-10; Lv. 16:16-19); circuncisão (berit milah, conforme Gn. 17:9-14; Êx. 4:24-26; Dt. 10:16); justiça / misericórdia (conforme Gn. 15:6) e santidade (conforme Gn.17:1; Êx. 19:6; Lv. 20:6).

Assim, tem razão Mullins, citado por Harbin, quando diz que “no Antigo Testamento, a aliança entre Deus e Israel era a base de todo trato de Deus com seu povo. O significado da aliança foi que Israel pertenceu a Deus e Deus pertenceu a Israel. A relação foi às vezes descrita com semelhante àquela entre pai e filho, ou como aquela de marido e esposa. Eis a declaração freqüente no Antigo Testamento que Deus é Deus ciumento (Êx.20:5; 34:14; Dt.4:24; Is.54:5; 62:5; Os.2:19)”.

Dessa maneira, através de Abraão, a aliança é em primeiro lugar pessoal, abrangendo cada vez um espectro maior: tribal, nacional, universal. Mas, quer no primeiro caso, pessoal, quer historicamente, como redenção, ela é sempre estrutural.

Mas, se aliança é eleição, escolha, implica em preferência por alguém, escolher por prazer ou por amor. E essa conceituação entre aliança e amor é muito claramente enunciada em 1 Reis 11:13, quando Deus afirma que escolheu Jerusalém por amor.

Aliança e amor não podem ser separados, embora não sejam a mesma coisa. A aliança é o selo, o pacto. O amor, o motivo que leva à aliança. No livro de Gênesis vemos o amor de Deus na criação, na conversa com Adão e Eva e na promessa de um salvador. Mas é na aliança que o amor pelo homem caído torna-se material e compreensível.

A saga dos patriarcas descendentes de Abraão, que se torna um pai de muitos povos, mostra o caminho da concretização dessa aliança. Eis o tema central de Gênesis e de todo o Pentateuco: Deus ama e casa-se com um povo, criado por ele, e comissionado por ele. O resto da história, nós conhecemos. E por amor estamos dentro da aliança abraâmica.

Bibliografia recomendada

Bright, J., História de Israel, Paulinas, São Paulo, 1978
Eichrodt, Walter, O Homem no Antigo Testamento, A. A. João Wesley, SP, 1965
Hasel, Gerhard, Teologia do AT: Questões Fundamentais no Debate Atual, Juerp, 1992
Kidner, Derek, Gênesis, Introdução e Comentário, Mundo Cristão, SP, 1991
Rowley, H. H., A Fé em Israel: Aspectos do Pensamento do AT, Paulinas, SP, 1977
Schultz, Samuel J., A História de Israel no Antigo Testamento, Vida Nova, SP, 1992
Scott, R. B. Y., Os Profetas de Israel: Nossos Contemporâneos, ASTE, SP, 1968.
Wolff, Hans Walter, Antropologia do Antigo Testamento, Loyola, SP, 1975.

Citações

[1] “Não existe uma experiência da Revelação sem mediação histórico-social; além disso, a Revelação tem também, na realidade, um papel de mediação com relação à autocompreensão das comunidades, de modo que a Revelação tem, inclusive, uma função ideológica. Este fato é analisado de duas maneiras: de uma maneira histórico-crítica e de uma maneira temática; em ambos os casos constata-se que a experiência da Revelação implica sempre uma ‘teologia política’, seja no sentido afirmativo (e renovador), seja em sentido pioneiro (abrindo o futuro)”. Schillebeeckx, Edward / Iersel, B. Van, Revelação e Experiência, Editora Vozes, Petrópolis, 1978, pág. 5.
[2] Walter C. Kaiser, Jr., Teologia do Antigo Testamento, São Paulo, Edições Vida Nova, 1997, p. 10.
[3] Epsztein, León, A Justiça Social no Antigo Oriente Médio e o Povo da Bíblia, Ed. Paulinas, São Paulo, 1990, "As Leis Mesopotâmicas", págs. 11 a 26.
[4]"Yahweh não elegeu Israel para fundar um novo culto mágico em benefício dele; elegeu-o para ser seu povo, para realizar nele o seu arbítrio. Portanto, por sua natureza, também a aliança religiosa foi uma aliança moral-legal, envolvendo não apenas o culto, mas também a estrutura e os regulamentos da sociedade. Assim, colocou-se o alicerce da religião da Torá, incluindo tanto o culto como a moralidade e concebendo a ambos como expressões da vontade divina". Kaufmann, Yehezkel, "A Religião de Israel", Editora Perspectiva, São Paulo, 1989, pág. 232.
[5] "O exegeta Rashi quer que o primeiro versículo do Gênesis seja traduzido da seguinte maneira: "No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, 2)2) a terra era vã," etc., pois a Escritura Sagrada não quer mostrar aqui a ordem da criação. A prova disso é que o fim do segundo versículo dá a entender que as águas já existiam antes dos céus e da terra". Haroldo de Campos, Bere'shith, A Cena da Origem, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1993, pág. 24.
[6] ”Não é necessário verificarmos a evolução do problema nos últimos dois séculos, quando surgiram apreciações bastante divergentes da teologia bíblica. A publicação da teologia de Eichrodt projetou a questão para uma nova dimensão. No seu entender, o “conceito central” e “símbolo apropriado” que garante a unidade da fé bíblica é a “aliança”.” Hasel, Gerhard F., “Teologia do Antigo Testamento / Questões Fundamentais no Debate Atual”, Juerp, São Paulo, 1992, p. 57.
[7] “A centralidade da aliança para a religião do ATt já possuía defensores muito antes de Eichrodt”.: August Kayser, Die Theologie des AT in ihrer Geschichtlichen Entwicklung Dargestellt (Strassburg, 1886), p. 74. : “A concepção dominante dos profetas, a âncora e o alicerce da religião do AT em geral, é a noção de teocracia ou, utilizando a expressão do próprio AT, a noção de aliança”. G. F. Oehler, Theologie des AT (Tubingen, 1873), I, p. 69.: “O fundamento da religião do AT é a aliança por meio da qual Deus recebeu a tribo escolhida, a fim de realizar seu plano de salvação”, in Gerhard Hasel, obra citada, p. 57.
[8] Kaufmann, Yehezkel, A Religião de Israel, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1989, p. 220.
[9] Schultz, Samuel J., A História de Israel no Antigo Testamento”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1992, p. 31.
[10] Wellhausen, J. Prolegomena to the History of Israel, Edinburgo, p. 331.
[11] Bright, J. , História de Israel, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978, p. 97.
[12] Epsztein, León, A Justiça Social no Antigo Oriente Médio e o Povo da Bíblia, Edições Paulinas, São Paulo, 1990, pág. 107, 108. “No deserto não existem muros para se protegerem, e daí a importância capital da liderança, a necessidade urgente de uma disciplina. Todavia, a mobilidade da vida nômade impede a fixação definitiva do poder em determinado grupo. Não há privilégio hierárquico. Quando surgem dificuldades, quando a guerra ameaça a segurança do grupo nômade, qualquer indivíduo de sagacidade maior ou de grande coragem impõe-se como chefe, mas não passa de primus inter pares: uma vez afastado o perigo, volta a seu lugar habitual. Diante de tais condições, o poder político dificilmente pode adquirir suficiente influência ou prestígio para prevalecer sobre a ética, sobre os valores morais, mormente com a crença dos hebreus, segundo a qual os homens, criados por Deus à sua imagem, beneficiam-se dos mesmo direitos e devem assumir as mesmas responsabilidades”.
[13] Em Gênesis 17:5 Deus muda o nome de Abrão para Abraão. Essa mudança de nome traduz o seu chamado. Abrão significa “tão grande quanto seu pai”. Mas Deus o chama “ab hamôn”, pai de multidão.
[14] Melamed, Meir Matzliah, A Lei de Moisés e as Haftarót”, Flórida, 1962, p. 33.
[15] Harbin, Byron, Teologia do Antigo Testamento”, apostila, Faculdade Teológica Batista de São Paulo, São Paulo, 1996, p. 4.
[16] ”A formalização constitui, desde o ponto de vista genético, um prolongamento das abstrações reflexivas que já atuam no desenvolvimento do pensamento, mas este prolongamento acontece através de especializações e generalizações que se tornam dominantes, adquirindo uma liberdade e uma fecundidade combinatória que sobrepassam amplamente e em todas as partes os limites do pensamento natural, mediante um processo análogo àquele, segundo o qual o possível transborda o real”. Piaget, Jean, La Epistemologia Genética”, A. Redondo Editor, Barcelona, 1970, p. 84.
[17] Davidson, F, O Novo Comentário da Bíblia”, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1994, p. 160
[18] “O estudo da interação entre experiência e revelação leva a explorar três tópicos distintos, mas inter-relacionados. O primeiro é a especificação ou codificação da experiência. (...) Um segundo tópico é como essa experiência codificada consegue status de revelação numa comunidade. (...) O terceiro tópico refere-se à própria revelação como fonte de nova experiência. (...) Um dos elementos comuns a unir esses tópicos é a linguagem. (...) No encontro entre experiência e revelação é primariamente em sua linguagem que tanto a experiência como a revelação sofrem a mudança mais notável. A criatividade neste âmbito mostrar-se-á pela inovação linguística”. Schreiter, Robert, Especificação da Experiência e Linguagem da Revelação, in Revelação e Experiência, obra citada, pp. 58 e 59.
[19] “A aquisição da linguagem é uma questão de crescimento e maturação de capacidades relativamente fixas, em condições externas adequadas. A forma da linguagem adquirida é determinada em grande parte por fatores internos”. Chomsky, Noam, Lingüística Cartesiana”, Ed. Vozes, Petrópolis, 1972, p. 80.
[20] Chomsky, Noam, obra citada p. 23.
[21] Mullins, Edgard Young, The Christian Religion in the Doctrinal Expression”, Philadelphia, Judson, 1954, pp. 237, 431, in Harbin, obra citada, p. 5.
[22] É o “escândalo da história” ou “escândalo da particularidade” , segundo Dodd, C. H., The Apostolic Preaching and Its Development, Hodden and Stoughton, Londres, 1963, pág. 88, citado por Gabriel Moran, Teologia da Revelação, Editora Herder, São Paulo, 1969, p. 54.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Israel - (1948 - 2014)

A História de Israel - de 1948 até hoje

 

Independência

 Mapa descrevendo a situação de Israel antes e depois de 1948Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel foi proclamado de acordo com o plano de partilha da ONU (1947). Menos de 24 horas depois da proclamação, os exércitos regulares de Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país e forçam o Israel a defender a sua soberania recém- recuperada em sua terra ancestral. No que foi conhecida como a Guerra da Independência de Israel, os recentemente formados exércitos de Israel, conhecidos como Forças de Defesas de Israel, (IDF) pobremente equipadas, repulsaram os invasores lutando intermitente e ferozmente contra os inimigos. Essa guerra durou uns 15 meses e ceifou mais de 6.000 vidas israelitas (quase um por cento (1%) da população judia do país na ocasião).


Durante os primeiros meses de 1949, negociações diretas foram conduzidas sob os auspícios da ONU entre o Israel e cada dos países invasores (menos o Iraque que se recusou a negociar com Israel para fechar o acordo de cessar fogo), resultando em acordos de armistício que refletiram a situação ao término da batalha. Adequadamente, a planície litorânea, a Galiléia e o todo o Negev ficaram dentro da soberania de Israel, Judéia e Samaria (o Banco Ocidental) estavam sob os auspícios da Jordânia, a Faixa de Gaza ficou sob a administração egípcia, e a cidade de Jerusalém foi dividida, com a Jordânia, que controlava a parte oriental, inclusive a Cidade Velha, e Israel o setor ocidental.

Reconstruindo o Estado

Ao final da guerra, Israel enfocou seus esforços em reconstruir o estado que tinha lutado tanto e tão duramente para recuperar. O primeiro Knesset (parlamento) tinha 120 lugares e entrou em sessão e eleições nacionais logo a seguir (25 de janeiro de 1949), na qual quase 85 por cento de todos os eleitores lançaram suas cédulas nas urnas. Duas das pessoas que tinham conduzido Israel a independência se tornaram os líderes do país: David Ben-Gurion, líder da Agência Judaica, foi escolhido como o primeiro primeiro-ministro, e Chaim Weizmann, líder da Organização Sionista Mundial, foi eleito pelo Knesset como o primeiro presidente. Em 11 de maio de 1949, Israel ocupou o seu assento como o 59º participante das Nações Unidas.

David Ben-Gurion, homem de visão conforme o conceito do “colheita dos exilados”, que representa o coração de Israel, abre os portões do país reafirmando o direito de todo judeu de voltar ao seu país e, quando chegar, adquirir a cidadania. Nos primeiros quatro meses de independência, uns 50.000 imigrantes, principalmente os sobreviventes de Holocausto, cruzaram as fronteiras de Israel. Ao final de 1951, um total de 687.000 homens, mulheres e crianças tinham chegado, e mais de 300.000 deles, eram refugiados de terras árabes, dobrando assim a população judia.

A tensão econômica causada pela Guerra da Independência e a necessidade de rápida provisão para a população crescente, requeria severidade no país e a ajuda financeira de fora. A ajuda estendida pelo governo dos Estados Unidos, os empréstimos americanos ajudam, as contribuições dos judeus da Diáspora e as compensações alemãs do pós-guerras, serviram para reconstruir alojamentos, mecanizar a agricultura, montar uma frota mercantil e uma linha aérea nacional, explorar os minerais disponíveis, desenvolver as indústrias e ampliar as estradas, telecomunicações e redes elétricas.

Ao fim da primeira década, o país dobrou a sua produção industrial, assim como o número de pessoas empregadas, com as exportações industriais que quadruplicaram. A vasta expansão da agricultura provocou a auto-suficiência na provisão de produtos básicos, excluindo-se a carne e os grãos, e as áreas de baixo de cultivo aumentaram dramaticamente. Uns 50.000 acres (20.000 hectares) de terra estéril foi reflorestada, e foram plantadas árvores ao longo de quase 500 milhas (800 km.) de estrada.

O sistema educacional que tinha sido desenvolvido pela comunidade judia no período de pre-estado, tem agora incluído o setor árabe, foi grandemente ampliado. A freqüência da escola ficou livre e compulsória para todas as crianças na faixa de 5-14 anos (desde 1978, é obrigatório até os 16 anos e livre após os 18).

Atividades culturais e artísticas floresceram e misturam o Oriente Médio, o Norte da África, e elementos Ocidentais, com judeus que chegam de todas as partes do mundo trazendo com eles as tradições, inigualáveis de suas próprias comunidades, como também aspectos culturais que prevalecem nos países onde eles tinham vivido por gerações.

1956 – A Campanha do Sinai

Tanque atravessando a península do Sinai

Entretanto, os anos de construção do estado foram obscurecidos através de sérios problemas de segurança. Os acordos de armistício não só falharam na construção de estradas para a paz permanente, como também foram violados constantemente. Contradizendo a resolução de 1 de setembro de 1951, editada pelo Conselho de Segurança da ONU, Israel e também suas fronteiras-marítimas foi advertido quanto a atravessar o Canal de Suez; o bloqueio do estreito de Tirana foi intensificado; incursões em Israel de esquadras terroristas de países árabes vizinhos para assassinato e sabotagem aconteceram com freqüência crescente; e a península de Sinai foi convertida gradualmente em uma enorme base de exército egípcio. Após a assinatura da aliança militar triparte pelo Egito, Síria e Jordânia (Outubro de 1956), a ameaça iminente para a existência de Israel foi intensificada. No curso de uma campanha de oito-dias, o IDF capturou a Faixa de Gaza e a península do Sinai inteira, detendo 10 milhas (16 km.) a leste do Canal de Suez. Uma decisão das Nações Unidas para estacionar uma Força de Emergência da ONU (UNEF) ao longo da fronteira Egito-Israel e as garantias egípcias para a livre navegação no Golfo de Eilat, Israel foi levado a concordar com uma retirada em fases (novembro de 1956 – março de 1957) das áreas conquistadas algumas semanas antes. Por conseguinte, foram abertos os Estreito de Tiran e habilitam o desenvolvimento do comércio com leste asiático e com os países africanos Orientais como também importações de petróleo do Golfo Pérsico.

Os anos de Consolidação

O Duto Nacional de Água (completo em 1964) através do qual se traz água do norte e centro do país para o semi-árido sul, durante sua construção. Durante a segunda década de Israel (1958 - 68), as exportações dobraram, e o GNP aumentou cerca de 10 por cento anualmente. Enquanto alguns importavam antes artigos como papel, pneus, rádios e refrigeradores, os mesmos agora estavam sendo fabricados localmente. O crescimento mais rápido aconteceu nas filiais recém estabelecidas de metais, maquinaria, substâncias químicas e eletrônica. Como o mercado interno para alimentos cresceu e estava se aproximando do ponto de saturação rapidamente, o setor agrícola começou a cultivar uma variedade maior de alimentos, como comida industrializada como também o produto fresco para exportação. Um segundo porto de águas profundas foi construído na costa mediterrânea de Ashdod, além do existir o de Haifa, para dividir o crescente volume do comércio portuário.

O Museu de Israel em Jerusalém, e uma casa permanente para o Knesset foram construídas, além de novas instalações para o hospital Hadassah foram construídas, além do Centro Médico e da Universidade Hebraica em locais alternados para substituir os edifícios originais no Monte Scopus que teve que ser abandonado depois da Guerra da Independência. Ao mesmo tempo, o Museu de Israel foi estabelecido com o objetivo de colecionar, conservar, estudar e exibir os tesouros culturais e artísticos dos judeus.

As relações internacionais de Israel se expandiram continuamente, assim como foram desenvolvidas laços íntimos com os Estados Unidos, e os países da Comunidade britânica, e também com os países do leste europeu, com quase todos os países da América Latina e da África, e alguns da Ásia. Foram iniciados programas extensos de cooperação internacional, tais como centenas de médicos israelitas, engenheiros, professores, agrônomos, peritos de irrigação e organizadores de mocidade compartilharam a perícia deles e compartilham suas experiências com pessoas de outros países em desenvolvimento. Em 1965 foram trocados os embaixadores com a República Federal da Alemanha, um movimento que tinha sido então adiado, até por causa das recordações amargas dos judeus contra os crimes cometidos contra eles durante o regime nazista (1933-45). Houve oposição veemente e amplo debate público, os quais precederam a normalização de relações entre os dois países.

O Julgamento de Eichmann

Em 23 de maio de 1960, Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do programa nazista de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial, foi trazido para Israel para ser julgado pelas leis de punição ao Nazismo, como também aos colaboradores nazistas, através da Lei de punição de 1950. No julgamento que se iniciou em abril de 1961, Eichmann foi declarado culpado de crimes contra a humanidade e também contra os judeus, sendo então condenado a morte. Depois de ter seu apelo à Suprema Corte rejeitado, ele foi executado em 30 de maio de 1962. Foi a única vem em que a penalidade de morte foi levada a cabo debaixo da lei israelita.

1967 - A Guerra dos seis-dias

Mapa descrevendo a situação de Israel antes e depois de 1967A esperança de ter-se outra década de tranqüilidade foi limitada pela alta escalada do terrorismo árabe, nas fronteiras entre o Egito e a Jordânia, sendo feitos bombardeios pela artilharia síria de forma persistente em campos agrícolas na região da Galiléia ao norte, além de formações militares volumosas pelos estados árabes vizinhos. Quando o Egito infiltrou um grande número de tropas novamente no Deserto do Sinai (maio de 1967), foram enviadas as forças de paz da ONU (formadas desde 1957) colocando-os fora da área, reimpôs o bloqueio do estreito de Tiran e entrou em uma aliança militar com a Jordânia, e Israel achou-se face a exércitos árabes hostis em todas as frentes. Como o Egito tinha violado os acordos que se seguiram a Campanha do Sinai em 1956, Israel invocou seu direito inerente de auto-defesa e lança um ataque preventivo (5 de junho de 1967) contra o Egito no sul, seguido por um contra-ataque contra a Jordânia ao leste e também derrotando as forças sírias que se posicionaram nas Colinas de Golan ao norte.

Ao término de seis dias de lutas, as linhas de cessar-fogo prévias foram substituídos por outras, com a Judéia, Samaria, e a Faixa de Gaza, a península do Sinai e as Colinas de Golan agora sob o controle de Israel. Como resultado, as aldeias do norte foram libertas de 19 anos de ataques sírios reincidentes; a passagem de israelitas e cruzamento das fronteiras marítimas de Israel pelo Estreito de Tiran foi assegurada; e Jerusalém que tinha sido dividida sob a regência israelita e jordaniana desde 1949, foi reunificada debaixo da autoridade de Israel.

Ao fim da guerra, o desafio diplomático de Israel era traduzir suas conquistas militares em uma paz permanente baseado na Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, que pediu o “reconhecimento da soberania, integridade territorial e independência política de todo estado em sua área de direito, para viver em paz e seguro, e reconhecer as fronteiras livres de ameaças ou atos de força”. Porém, a posição árabe, como formulou a Conferência de Khartoum (agosto de 1967), “não queremos nenhuma paz com Israel, nenhuma negociação com Israel e nenhum reconhecimento de Israel”. Em setembro de 1968, o Egito iniciou uma 'guerra de atrito', com ações esporádicas, estáticas ao longo dos flancos do Canal de Suez, fato esse que promoveu uma escalada da violência na área, causando pesadas perdas, com muitas vítimas em ambos os lados. As hostilidades terminaram em 1970 quando o Egito e Israel aceitaram um cessar-fogo renovado ao longo do Canal de Suez.

1973 - Guerra do Yom Kippur

Foram quebrados três anos de calma relativa ao longo das fronteiras em Yom Kippur (Dia do Perdão), o dia mais santo do ano judaico, quando o Egito e Síria lançaram uma ataque de surpresa coordenado contra Israel (6 de outubro 1973), com o exército egípcio que cruza o Canal de Suez e o sírio se agrupa e penetra pelas Colinas de Golan. Durante as três semanas seguintes, as Forças de Defesa de Israel viraram a maré de batalha e repeliram os exércitos que os haviam atacado, cruzam o Canal de Suez no Egito e avançam para dentro por 20 milhas (32 km.) em direção à capital síria, Damasco. Foram necessários dois anos de difíceis negociações entre Israel e Egito, e entre Israel e Síria resultou em acordos de desocupação dos territórios conquistados, acordo que dizia que Israel se retiraria de partes dos territórios capturados durante a guerra.

Da Guerra para Paz

Enquanto a guerra de 1973 custou a Israel o GNP de um ano, até a segundo a metade de 1974 a economia já se tinha recuperado. Os investimentos estrangeiros cresceram consideravelmente e, também com Israel que se torna um sócio vitalício do Mercado Comum Europeu (1975), novas saídas potenciais se abriram para os israelitas. O turismo começou a aumentar e o número anual de visitas passou a marca de um milhão.

Mapa descrevendo a situação de Israel antes e depois do acordo Israel-EgitoAs eleições de 1977 do Knesset trouxeram a coligação política do Likud, uma coalizão de liberal e partidos de centro, terminando um domínio de quase 30 anos do Partido Operário. Ao assumir um cargo público, o novo primeiro-ministro, Menachem Begin, reiterou o compromisso feito pelos primeiros-ministros anteriores, a fim de se esforçar para haver paz permanente na região e chamou os líderes árabes para vir à mesa de negociações com Israel

As constantes rejeições dos árabes às aproximações de Israel para paz estavam agora quebradas com a visita de Presidente egípcio Anwar Sadat a Jerusalém (novembro de 1977), que seguiu-se às negociações entre o Egito e Israel sob os auspícios dos americanos. O resultado foi o Acordo de Camp David (setembro de 1978) contendo um arcabouço para uma paz duradoura no Oriente Médio, inclusive uma proposta detalhada para um governo autônomo dos Palestinos. Em 26 de março de 1979, Israel e Egito assinaram um tratado de paz em Washington, DC, trazendo um fim a 30 anos de guerra entre eles.

Conforme as condições do Tratado de Paz entre Israel-Egito, Israel completou sua retirada da península de Sinai (abril de 1982), trocando cessar-fogo anterior por acordos de armistício e o reconhecimento das fronteiras internacionais mutuamente reconhecidas.

Alguns dos estados africanos que tinham cortado relações com Israel como resultado de pressão de árabe durante a crise do petróleo em 1973, restabeleceram seus contatos com Israel nos anos oitenta, dando um impulso renovado às relações econômicas entre os países, como também o restabelecimento das relações diplomáticas formais.

1982 – Operação Paz para a Galiléia

A fronteira limite internacional com o Líbano nunca foi desafiada por qualquer lado. Porém, quando a Organização para a Liberação da Palestina (OLP) se transferiu para o Líbano meridional depois de serem expulsos da Jordânia (1970), começaram a perpetrar repetidas ações terroristas contra as cidades e aldeias ao norte de Israel (Galiléia) o que causou muitas vítimas e muitos danos as Forças de Defesa de Israel, que cruzaram a fronteira do Líbano (1982). A “Operação Paz para a Galiléia” resultou na remoção da infra-estrutura organizacional e militar de OLP da área. Desde então, Israel manteve uma pequena zona de segurança no Líbano meridional adjacente a sua fronteira ao norte, para salvaguardar sua população na Galiléia contra ataques continuados através de elementos hostis.

Durante os anos oitenta, Israel absorveu mais de 700,000 novos imigrantes, principalmente da União soviética, da Europa Oriental e da Etiópia. A afluência de tantos consumidores novos como também um número grande de trabalhadores qualificados e inexperientes, associando–se com medidas rígidas para controlar a inflação, impulsionou a economia em um período de expansão acelerada e atinge uma alta taxa do crescimento de GDP entre os países Ocidentais.

O governo que assumiu o poder após as eleições do Knesset em 1984, foi composto das duas coligação políticas principais – Trabalhista (esquerda/centro) e o Likud (direita/centro). Foi substituído em 1988 por uma coalizão liderada pelo Likud que ao término de seu mandato de quatro anos foi seguida em 1992 por uma coalizão do Partido Trabalhista de esquerda-de-centro menores. Durante estes anos, cada governo trabalhou para a realização da paz, para o desenvolvimento econômico e absorção de imigrantes de acordo com suas próprias convicções políticas.

Paz na Região

Desde a assinatura do Tratado de Paz entre Egito-Israel (1979), várias iniciativas foram tomadas por Israel e outros para avançar no processo de paz no Oriente Médio.

Estes esforços conduziram eventualmente ao acordo de Paz na Conferência de Madrid (outubro de 1991), liderados pelos americanos e patrocinados pelos soviéticos, que reuniram os representantes de Israel, Síria, Líbano, Jordânia e os Palestinos. Os procedimentos formais foram seguidos através de negociações bilaterais entre os partidos e por conversas multilaterais que externam suas preocupações regionais.

Conversas bilaterais

Israel e o Palestinos: Nos meses seguintes aos contatos de bastidores intensivos em Oslo entre negociadores para Israel e os Palestinos – Organização de Libertação da Palestina (OLP), uma Declaração de Princípios (DOP) foi formulada esboçando arranjos de um governo autônomo para os Palestinos no “Banco Ocidental” e na Faixa de Gaza. Sua assinatura foi precedida por uma troca de cartas (setembro de 1993) entre o líder da OLP, Presidente Yasser Arafat e primeiro-ministro Yitzhak Rabin, no qual a OLP renunciou ao uso do terrorismo, empenhado-se a invalidar esses artigos em sua Convenção, artigos estes que negam o direito de Israel a existir, e se comprometeu a uma resolução paz no conflito ao longo de uma década entre o Palestinos e os judeus na terra. Em resposta, Israel reconheceu a OLP como o representante do povo palestino.

Acordo entre Israel e Palestina em Camp DavidAssinado por Israel e a OLP em Washington, DC em setembro de 1993, o Documento contém um conjunto de acordos comuns, traduzidos em princípios gerais relativos a um período de cinco anos, que é um período interino de auto-gestão dos palestinos, a ser implementado em quatro fases. O primeiro passo fixa a auto-gestão na Faixa de Gaza e área de Jericó e aconteceu em maio de 1994. Em agosto do mesmo ano, a segunda fase foi introduzida envolvendo a transferência de poderes e responsabilidades para os representantes palestinos no Banco Ocidental por autorização prévia em cinco esferas específicas - educação e agricultura, saúde, previdência social, taxação direta e turismo. O Acordo israelita-palestino Interino de setembro de 1995, constituindo a terceira fase, previa um governo autônomo palestino mais amplo no Banco Ocidental por meio de uma autoridade autônoma eleita - o Conselho Palestino - permitiria aos Palestinos administrar os seus próprios negócios internos.

A última fase - negociações entre as partes e arranjos finais - começou como fora programado em maio de 1996. Estas conversas determinarão a natureza das decisões permanentes e cobrirão os assuntos restantes, inclusive refugiados, outras determinações, forças de segurança, fronteiras, Jerusalém e outros assuntos de interesse comum.

Em 10 de dezembro de 1994, em reconhecimento os esforços deles para o avanço da causa de paz, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, o ministro do exterior Shimon Peres e o Presidente da OLO Yasser Arafat foram premiados com o Prêmio Nobel para Paz.

Israel e Jordânia: Três anos de conversas entre o Jordânia e Israel que seguem a Conferência de Madrid culminaram em uma declaração feita pelo Rei Hussein e primeiro-ministro Yitzhak Rabin (julho de 1994) que terminou com 46 anos de estado de guerra entre os dois países. O tratado de paz entre Jordânia - Israel foi assinado na fronteira do Arava que cruza (perto de Eilat em Israel e Akaba na Jordânia) em 26 de outubro de 1994, na presença do Presidente americano Bill Clinton. Desde então, o Israel e Jordânia têm cooperado em muitas esferas para o benefício de ambos os países.

Israel e Síria: Debaixo do arcabouço da fórmula de Madrid, conversas entre os israelitas e delegações sírias começaram em Washington e recebem suporte de vez em quando a nível diplomático, com o envolvimento de funcionários americanos de alto escalão. Dois recentes círculos de conversações de paz sírio-israelitas (dezembro de 1995, janeiro de 1996), enfocaram a segurança e outros assuntos importantes. Altamente detalhado e inclusivo em âmbito, as conversas identificaram áreas importantes de acordo conceitual e convergência para discussão futura e consideração.

Conversas multilaterais

As conversas multilaterais foram constituídas como uma parte integrante do processo de paz, apontada para achar soluções para problemas-chave regionais, enquanto serviriam como uma ponte de confiança que se constrói para promover desenvolvimento de relações normalizadas entre as nações do Oriente Médio. Seguindo a Conferência de Moscou para o Oriente Médio Multilateral (janeiro de 1992), com a participação de 36 países e organizações internacionais, as delegações foram divididas em cinco grupos de trabalho que lidam com áreas específicas de assuntos cujas preocupações regionais são comuns - ambiente, controle de armamentos e segurança regional, refugiados, recursos de água e desenvolvimento econômico - que se encontram de vez em quando em várias jurisdições na região.

O assassinato do primeiro-ministro o Yitzhak Rabin em 4 de novembro de 1995 por um extremista judeu mergulhou o país em profundo luto para o soldado-estadista que tinha viajado do campo de batalha para conduzir a nação na estrada para paz.

Israel no Século XXI

Depois do assassinato de primeiro-ministro Rabin (novembro de 1995), o governo - conforme seu direito para designar um ministro (que também deve ser um componente do Knesset) para servir como primeiro-ministro até as próximas eleições - nomeou o ministro do exterior Shimon Peres como primeiro-ministro suplente, com todos os privilégios de escritório. Em maio de 1996 as eleições trouxeram um novo governo de coalisão para dar poder a um governo composto de nacionalistas, religiosos e elementos de centro, encabeçados por Benjamim Netanyahu do Likud.

Com metas dedicadas aos interesses globais do Estado de Israel, estão os desafios que estão em frente do governo hoje, entre eles a alia, a continuação do processo de paz; assegurar a segurança do país; alargar o âmbito de suas relações diplomáticas ao redor do mundo; aumentar o sistema de ensino instituindo classes menores e um dia escolar mais longo; oportunidade igual na promoção da educação; ênfase maior sobre os estudos científicos e tecnológicos para ajudar a indústria israelita; competitividade econômica aumentando com menos intervenção governamental; redução do déficit através do equilíbrio de pagamentos; manter uma baixa taxa de inflação; dar uma forma dinâmica à burocracia governamental; aliviar o fardo dos impostos; procurar soluções para resolver os problemas; e intensificação da expansão de infra-estrutura. A Imigração fixa ao país e a progressão no processo de paz deverá afetar o crescimento continuado de Israel e o desenvolvimento positivo para o próximo século.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A formação do Novo Testamento



A FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

Formação do Cânon apologético

A apologética cristã sempre esteve acesa, os escritos de João um dos trabalhos apologéticos mais consistentes por se tratarem fundamentalmente de uma Escritura inspirada. O Evangelho por sinal passa da linha biográfica de Jesus deixando de ser um relato somente do que ele fez, ele defende sobre tudo sua humanidade e divindade. Parte dos helenistas e romanos na época dos escritos de João eram gnósticos e esta crença prejudicava a pregação de que Jesus é Deus encarnado. Pelo fato de considerarem a matéria ser má por completo, para este grupo era impossível o cristianismo divulgar que "um deus", plenamente espiritual e majoritário poderia se rebaixar à carne. Por isso Jesus era somente divino e jamais podia ser carne conjuntamente, por mais que entre os gnósticos houve um ramo de cristãos. João em sua Primeira Epístola adverte:

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são  de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne  não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes  que há de vir, e eis que já está no mundo." (1 João 4.1-3)

João afirma que o que vem deste grupo não é genuinamente de Cristo, mas do maligno.
Temos também o caso o ebionismo que é o contrário extremo, onde defender o conceito de divindade de Jesus era improvável, estes se destacavam entre os judeus, que radicalmente e por inúmeras vezes questionaram a Jesus pessoalmente para fazê-lo cair nalguma cilada para que ficasse provado segundo o conceito ebionita que era impossível "aquele nazareno" ser Deus. Apesar de gonsticismo e ebionismo terem o mesmo conceito de imaterialidade de Deus a perseguição à pessoa de Jesus pregada como Deus era uma perseguição radical ao ponto de tê-lo levado a cruz.

João 1.1, 14 dá conta de responder a tanto a questão dos gnósticos quanto dos ebionitas, pois o Verbo descrito no versículo 1, sendo este Deus se fez carne segundo o versículo 14. Ou seja, sendo Deus espírito  também se fez carne claramente. Como a questão circundava sempre em torno da pessoa de Jesus e como o ebionismo era bastante preponderante mais tarde Agostinho de Hiponia escreve um tratado chamado A Trindade, de Agostinho de Hipona (354-430 d.C). O trecho que será exposto é do Livro I, Capítulo VI onde Agostinho argumenta quanto a Jesus ter a mesma substância do Pai.

“Aqueles que afirmaram que nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus, ou que não é verdadeiro Deus, ou que não é um só Deus com o Pai, ou que não é imortal por ser mutável sejam convencidos de seu erro pelo claríssimo testemunho e pela afirmação unânime dos Livros santos, dos quais são estas palavras: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). Está claro que nós reconhecemos o Verbo de Deus como o Filho único do Pai, do qual se diz depois: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.14), em referência ao nascimento pela sua encarnação, ocorrida no tempo, tendo a Virgem como mãe.

Nessa passagem, o evangelista declara que o Verbo não é somente Deus, mas consubstancial ao Pai, pois, após dizer: "E o Verbo era Deus", acrescenta: "No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por ele e sem ele nada foi feito do que existe" (Jo 1.2-3). Diz "tudo", de modo a incluir tudo o que foi criado, ou seja, todas as criaturas. Consta aí claramente que não foi criado aquele por quem tudo foi criado. E se não foi criado, não é criatura, e se não é criatura, é consubstancial ao Pai. Toda substância que não é Deus, é criatura, e a que não é criatura, é Deus. E se o Filho não é consubstancial ao Pai, é uma substância criada; e se é uma substância criada, todas as coisas não foram feitas por ele. Ora, está escrito: "Tudo foi feito por ele"; portanto, é consubstancial ao Pai. Assim, não é somente Deus, mas verdadeiro Deus.”

Isto trás uma profunda reflexão sobre a importância da manutenção da leitura das Escrituras, pois João trabalhou com ardor para deixar a verdade tão estampada e velada por Deus ao longo da história da igreja que se manteve comprometida em manter estes escritos vivos. João escreve o Evangelho que recebe seu nome, mais três Epístolas, além de Apocalipse, num total de cinco obras e o levando a ser o segundo maior escritor do Novo Testamento, mas que talvez o que tratou com muito mais afinco o Teísmo. Por isso não é exagero se pensarmos que por conta disto seus escritos tenham sido decisivos na elaboração do Cânon Neotestamentário, já que um dos cismas da época da elaboração era justamente a divindade de João, mesmo cerca de 70 anos após sua morte em Patmus.
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Bibliografia:
MIller, Stephen M, Huber, Robert V.. A Bíblia e Sua História - O Surgimento e o Impacto da Bíblia. SBB. 2006.
Inc., Ther B.B. Kirkbrigdge Company, Suplemento Teológico. Editora Vida. 1992.
De Carvalho, Antônio Vieira. Introdução ao Estudo da Bíblia. Hagnos. 2003.

Os cismas

Os Pais da Igreja (também chamados de Pais Apostólicos) que cooperaram com a formação da coleção de textos do Novo Testamento que temos hoje foram basicamente:
·         Irineu (Lyons 180 d.C.)
·         Basiliades (180 d.C.)
·         Orígenes (250 d.C.)
·         Eusébio (Cesaréia 265 d.C.)

A presença deles, seus embasamentos e averiguações dos textos Neotestamentários cooperou severamente para o Concílio que reuniu os 27 livros que hoje temos, mas isto vermos adiante.
Pelo menos entre os três primeiros séculos três figuras são emblemáticas ao tentarem contradizer os textos do Novo Testamento, falo de Marcião, Taciano e Montano.

Marcião 140 d.C.- Marcião não introduziu entre a igreja nenhum livro do Antigo Testamento, considerou todo ele lenda judaica. Marcião então aceitava somente 11 livros dos 27 do Novo Testamento e os 11 não expunham claramente a humanidade de Jesus, para Marcião, Jesus é o único Deus verdadeiro, sem qualquer semelhança como apresentado no Antigo Testamento e habitar na matéria era absurdo. Como alguns livros não falavam da questão da humanidade de Jesus, isto do ponto de vista de Marcião cooperava com suas ideias, e assim como excluiu de entre os cristãos o Antigo Testamento inteiro fez o mesmo com alguns que consideramos hoje. Sua coleção se resume em Lucas, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Éfesios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filemom

Note que não há nenhum escrito de João, que amplamente fala de o Pai e Jesus serem um só e o mesmo, ou seja o principal autor sobre o assunto. Marcião foi excomungado em 144 d.C. por suas heresias.

Taciano (170 d.C.) - Ao mesmo tempo que considerava os Evangelhos confusos fez deles uma escrita única, dando uma afeição de uma obra escrita por uma única pessoa sobre várias perspectivas de Cristo, ele deu o nome a essa obra de Diatessaron que quer dizer Harmonia de Quatro. Justino e Basiliades (ambos 150 d.C.) já haviam feito um análise de cada Evangelho e visto a particularidade de cada um com uma configuração para grupos distintos. O caso do Evangelho de Mateus que tem uma linguagem hebraica, expondo sermões particulares de Jesus sobre aspectos da vida moral como nos capítulos de 5 a 7. Bem diferente de João como já vimos que trata de questões mais filosóficas e expositivas da divindade de Cristo. A sociedade do Evangelho de Mateus era distinta a de João, Taciano não via por esse prisma. Ele também nem sequer mencionava os outros escritos e assim como Marcião "excomungou" o restante e fez dos Evangelhos uma obra única. Além de fazer uma reunião desconexa dos Evangelhos, Taciano incluiu relatos de transmissões orais questionáveis jamais mencionadas entre os primeiros cristãos sobre a pessoa de Jesus.

Montano (II e III d.C.) - antes de dizer-se convertido ao cristianismo, Montano era integrante de uma religião pagã profundamente mística. Este talvez seja o mais confuso de todos, tinha tudo como inspirado e nada fechado. Enquanto havia muita pesquisa em sua época para um Cânon concreto ele agregava qualquer coisa. Sua ideia era de que a inspiração profética para escrituras sagradas não estava fechada, ou seja, se Montano estivesse vivo até hoje, até hoje qualquer coisa segundo seu crivo poderia ser inspirado. A partir de Montano surgiram os montanistas. A história descreve os montanistas como um grupo de religiosidade fanática que vivia das revelações proféticas sem fundamentação bíblica.

Estes três são particularmente citados pela desordem quanto a qualificação dos escritos bíblicos. Por exemplo, Ário, que era um Bispo em Alexandria não considerava Jesus como sendo o próprio Deus, mas não anulou a autenticidade dos escritos de João e o restante do Novo Testamento, ele os interpretava por outra perspectiva, por isso dificilmente o veremos citado nos cismas quanto à questão do Cânon do Novo Testamento. Mais tarde Agostinho o refuta com a doutrina da consubstanciação (Jesus, o Filho, tem a mesma substância do Pai). Esta é outra questão.
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Bibliografia:
MIller, Stephen M, Huber, Robert V.. A Bíblia e Sua História - O Surgimento e o Impacto da Bíblia. SBB. 2006.
Inc., Ther B.B. Kirkbrigdge Company, Suplemento Teológico. Editora Vida. 1992.
De Carvalho, Antônio Vieira. Introdução ao Estudo da Bíblia. Hagnos. 2003.

Os critérios de exame e fechamento do Novo Testamento

Com Marcião tendo certa influência na igreja a ponto de um grupo chamado marcionitas difundir suas ideias, era comum os cismas estarem assediando muitos crentes. Entretanto, a grande diferença entre Marcião e os Pais da igreja estava no fato de que Marcião não só negava a humanidade de Jesus, mas eliminou diversas literaturas como vimos no artigo anterior. Enquanto os Pais da igreja se preocupavam em examinar minuciosamente as questões que envolviam os textos Neotestamentários, sem deixar a disposição dos crentes mesmo os conteúdos que questionavam, Marcião arbitrariamente eliminou tudo o que quis e o que não para justificar sua teologia pessoal.

Obviamente passou a ser necessária uma total atenção aos textos e as heresias que rondavam o cuidado de teólogos como Origenes, que se esforçou para averiguar na igreja e não por particularidade o que de fato era aceitável ou não. Orígenes estabeleceu três critérios pessoais de exame para o Novo Testamento ainda não fechado:

1 - Quais livros eram comumente aceitos pela igreja;
2 - Quais eram questionados para serem avaliados com mais cuidado;
3 - Quais nunca foram confiáveis.

A princípio estes critérios parecem querer levantar suspeitas quanto à veracidade de alguns textos, mas não era essa a intenção de Orígenes, pois o critério foi baseado na observação da igreja. Pelo contrário, ele mesmo manteve 21 escritos em plena leitura pessoal e na igreja em seus cultos, estes livros são:
1 - Quais livros eram comumente aceitos pela igreja - (Obs.: todo o Antigo Testamento) Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios,  Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon, 1 Pedro, 1 João e Apocalípse. Origenes deixou este livros na ordem de culto seguindo o primeiro critério de observação e avaliação.

Já para o segundo critério, temos:
2 - Quais eram questionados para serem avaliados com mais cuidado - Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas. Sob o este segundo critério a igreja via os textos com uma leitura bastante judaizante. Linguagens como sacerdote, tribos dispersas e sobre anjos geravam uma determinada dúvida e o medo até ali era de que o mesmo ocorrido entre os primeiros cristãos narrados em Atos 15 e Gálatas 2 viesse a assombrar a igreja mais uma vez quando queriam que os crentes se movessem a preceitos judaicos. Isto para Origenes não significa que estes livros não entrariam futuramente em uma coleção mais bem compreendida. Justino e Basiliades aviam feito uma mesma avaliação dos Evangelhos e depois de muita observação chegaram à conclusão de que não se tratavam de livros contraditórios, mas contextuais. Isto influenciou todos os Pais da Igreja posteriormente, inclusive Orígenes que não ousou questionar, mas usar os Evangelhos.

Quanto ao terceiro critério não se inclui nenhum dos 27 livros mencionado entre os critérios 1 e 2, os livros a seguir eram:

3 - Quais nunca foram confiáveis:
·         Evangelho de Tomé,
·         Evangelho dos Egípcios
·         Evangelho de Matias.

De fato, nenhum destes três livros jamais entrou em qualquer coleção oficial entre os teólogos antes ou depois dos Concílios que definitivamente fecharam Cânon.
Irineu em 180 d.C. já avaliava os textos gerais Neotestamentários, Origenes parece só seguir a mesma linha e assim como Justino e Basilíades os influenciaram a manter os Evangelhos no culto cristão, Origenes e Irineu e seus exames influenciaram na coleção completa de 325 d.C chamado Codex Sinaítico. O princípio de avaliação utilizado na elaboração do Codex foi o mesmo dos Evangelhos Sinóticos, vendo que cada texto particularmente compunha uma ordem doutrinária, mesmo em datas distintas e autores diversos assim como ocorreu com o Antigo Testamento. O Apocalipse de João narra, por exemplo, a fala de Jesus quanto ao dever de João de escrever e o que viu em revelação (Ap 1.19). Isto não só dá um tom de autoridade para o texto quanto para o escritor. Sendo assim todos os outros escritos de João passam a ter o mesmo peso, pois basicamente João escreve seus cinco livros na mesma época e tudo tem uma narrativa parecida e complementar. O fato dos textos Neotestamentários terem poucos autores, facilitou o exame e conclusão. Os autores e seus escritos são estes:

·         Mateus (1)
·         Marcos (1)
·         Lucas (2 - Evangelho e Atos)
·         João (5 - um Evangelho, três Epístolas e Apocalipse)
·         Pedro (2 - suas Epístolas)
·         Tiago (1)
·         Judas (1)
·         Paulo (13)
·         *Só Hebreus fica com autor indeterminado.

Eusébio de Cesaréia e sua contribuição para o Cânon

A contribuição de Eusébio de Cesaréia é significativa pela época em que ele vivia. Em 320 d.C., Antes da elaboração do Codex Sinaítico, a pedido de Constantino, Eusébio publicou 50 Bíblias levando em conta os dois primeiros critérios de Orígenes, e sendo assim, oficialmente a Bíblia sob encomenda tinha os 27 livros, mesmo que o segundo critério de Origenes ainda estivesse em voga na igreja. Mais tarde as questões sobre Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas vão se diluindo e o Concilio de Niceia ajuda nesta questão.

O Codex Sinaítico de 325 d.C. ganha mais força com o Concílio de Nicéia no mesmo ano, onde os bispos entendem e aceitam plenamente que o Novo Testamento estava completo naquele momento com os 27 livros e mais tarde em 365 d.C. Atanásio numa Carta Pascal lista 27 livros Neotestamentários. Em Cartago ocorrem dois importantes concílios e o tema recorrente é o Novo Testamento, ambos os Concílios, o de 397 d.C. e o de 419 d.C. definitivamente fecham a questão quanto a questão do Novo Testamento e os 27 livros se mantêm.

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Bibliografia:
MIller, Stephen M, Huber, Robert V.. A Bíblia e Sua História - O Surgimento e o Impacto da Bíblia. SBB. 2006.
Inc., Ther B.B. Kirkbrigdge Company, Suplemento Teológico. Editora Vida. 1992.
De Carvalho, Antônio Vieira. Introdução ao Estudo da Bíblia. Hagnos. 2003.