quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Cisma de Israel



          
Após a morte de Salomão, Israel se dividiu em dois grandes reinos: 
Judá - Sul - Capital em Jerusalém, que seguiu tendo um descendente de Davi como rei e Israel.
Demais 10 tribos - Norte - Durante sua existência de aproximadamente 200 anos cerca de 6 dinastias diferentes.

Os motivos dessa divisão estão relacionados ao fato de Salomão ter privilegiado imensamente Judá, sua tribo natal. Já durante o seu reinado, alguns focos de rebelião haviam se formado mas que devido à força do governo não conseguiram tomar forma. Roboão era o descendente de Salomão a quem cabia ser rei de todo Israel. Contudo, enquanto em Judá ele foi bem-vindo e coroado, quando foi para a parte norte, os habitantes desta região queriam ao menos uma promessa de que Roboão diminuiria os impostos e trabalhos forçados que eram dirigidos a eles.

Ao invés de agir diplomaticamente, Roboão declarou que as tribos do norte pertenciam a ele por conquista. Essa resposta desencadeou grandes protestos e Roboão foi obrigado a fugir de volta para o sul para salvar sua vida. Surgiu então a possibilidade das tribos do norte formarem um país próprio, ao qual deram o nome de Israel. O líder destas tribos era Jeroboão, um Efraimita que já durante o reinado de Salomão havia tido problemas com o rei.

Ocorreu então a guerra entre Roboão e Jeroboão, o sul e o norte, Judá e Israel. Foi uma guerra longa, mas não muito intensa. No início, o norte era mais fraco e provavelmente teria sucumbido, caso Judá não tivesse que enfrentar outra guerra, ao mesmo tempo contra os Egípcios. Muito enfraquecidos por essa luta, Roboão teve de desistir dos planos de reinar sobre Judá e Israel.

Judá e Israel desenvolveram-se de maneiras muito diferentes. Judá estava em um local árido, de solo rochoso, incapaz de criar muita riqueza e que não fazia parte das rotas comerciais. Por essas características, não era alvo intenso do interesse de outros povos conquistadores. Com isso, a dinastia reinante também não era muito pressionada internamente, já que não se criam generais fortes e carismáticos em épocas de relativa paz.

Israel, por outro lado, era o exato oposto. Situada numa região fértil, centro do comércio entre o Egito e a Mesopotâmia e tendo condições de produzir excedente para exportar para os fenícios, Israel criou uma aristocracia forte e luxuosa, levando a grande diferença social. Isso era ainda potencializado pelos perigos externos vindos de povos vizinhos e conquistadores que buscavam toda essa riqueza e importância comercial. Como resultado, Israel estava sempre em guerra e, cada guerra criava generais fortes e interessantes para o povo que davam golpes de estado, criando novas dinastias, mas que no fim não faziam grande diferença vindo a ser substituídos por novos generais de características semelhantes.

Nesse contexto surgem os profetas. A principal função destes homens era mostrar quando o povo ou os governantes se desviavam do caminho da religião e buscar formas de corrigir estes erros. Os principais problemas que os profetas apontavam eram: a desigualdade social especialmente em Israel e, como era vontade de D´us que não apenas se fizessem as orações e sacrifícios, mas que também os judeus se preocupassem com o bem dos outros, a justiça social.

Outras ideias importantes dos profetas estavam relacionadas com a assimilação e com a união do povo. Quanto ao problema da união, era defendido que se Ele havia escolhido os descendentes de Abraão para a aliança, logo deviam unir-se e não separar-se, como defendia Amós. A assimilação era um problema, pois o contato intenso com outros povos e os casamentos, especialmente de governantes, com mulheres de outros países facilitava a incorporação de elementos de outros cultos ou o abandono de elementos do judaísmo. Era esse o ideal, por exemplo, de Elias, um dos principais profetas do período. Uma fascinante história deste profeta ocorre depois do casamento de Acabe, rei de Israel com Jezebel, filha do rei de Tiro.

Certa vez, Acabe queria comprar a vinha de Naboth. Contudo, Naboth não queria vender, como era seu direito pelas leis e costumes de Israel. Acabe estava pronto a aceitar isso, já que acreditava nas mesmas leis. Contudo, Jezebel, como vinha de Tiro, não podia aceitar que qualquer habitante não cumprisse os desejos do rei. Contratou falsas testemunhas que acusaram Naboth de traição. Este foi condenado à morte e sua vinha confiscada pelo rei. Quando Acabe foi visitar sua nova propriedade encontrou o profeta Elias, que lhe disse: “Mataste e agora pretendeis a herança?”.

Aliado à falta de união entre Judá e Israel, surgia uma forte ameaça. Eram os Assírios, terríveis conquistadores que aumentaram seu poder e que se expandiam rapidamente. Israel e Aram (outro reino), tentando conter os assírios buscaram uma união junto com Judá. Esta, porém, não aceitou e Aram e Israel decidiram invadir Judá e sitiar Jerusalém. O rei de Judá, Acaz, enviou, então, um suborno ao rei da Assíria para que este invadisse Aram. Com isso, Aram deixou de ser independente e Judá se salvou. Israel era logicamente o próximo passo. O rei de Israel aceitou se submeter à Assíria enquanto buscava modos de retomar sua independência. Isso levou os Assírios a tomarem uma posição mais forte e, em (722 A.E.C.), culminou com a invasão de Israel, a queda de Samaria (719 A.E.C.) e o exílio dos habitantes desta cidade, bem como de outros habitantes ricos e influentes do resto do país.

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