O GRANDE
PROFETA NAUM
I - Nome - Praticamente nada se sabe do profeta, com
exceção do seu nome e, mesmo assim, esse nome não é mencionado em nenhuma outra
parte da Bíblia, exceto na genealogia de José, o suposto pai de Jesus (Lucas
3:26). Como muitos outros profetas, Naum é apenas uma voz. Sem dúvida o nome
que ele levou tem a sugestiva significação de um “Consolador”.
II - Lugar de Nascimento - Ele é apresentado como “Naum, o elcosita”, frase que, provavelmente, tem como base designar o seu local de nascimento. Compare-se com “Elias, o tesbita” (1 Reis 17:1)
III - Seu tempo
- A data de Naum é indicada com bastante clareza em Naum 3:8-10, versos que
tratam da queda de No-amón, isto é, Tebas, no Alto Egito, conforme já
verificado, e de Nínive, como coisa preste a se realizar. A primeira foi
capturada por Assurbanipal, em 663 a.C., e a última por Nabopalassar, em 606
a.C., ou então, conforme foi recentemente descoberto, em 612 a.C. O período do
profeta, portanto, estaria dentro desses limites.
Assurbanipal era extremamente cruel. Ele até se jactava de sua violência e de suas atrocidades, como arrancar os lábios e os membros dos reis, tendo forçado três governantes de Elam, capturados, a puxar seus carros pelas ruas, compelido um príncipe a levar pendurada ao pescoço à cabeça decapitada do seu rei, e de como ele e sua rainha comiam no jardim com a cabeça de um monarca caldeu, a quem obrigara a suicidar-se, pendurada numa árvore sobre eles.
Nenhum outro rei da Assíria se jactava de
barbaridades tão desumanas e atrozes. Conta-se que ao rumar para o Egito em uma
de suas expedições, vinte e dois reis lhe tributaram homenagem. Ali chegando,
tanto em Memfis, capital do Baixo Egito, como em Tebas, capital do Alto Egito,
eles foram roubados e cruelmente castigados.
O pobre povo de Judá e Jerusalém foi expectador de
todas essas barbaridades. Em verdade eles já haviam presenciado, por várias
gerações, uma sucessão interminável de invasões assírias à Palestina.
Salmanasser II, em 842 a.C.; Tiglate-Pilesser, em 734 a.C.; Salamasser IV e
Sargão II, em 724-722 a. C.; Senaqueribe, em 701. Esaardon, em 672, e agora
Assurbanipal. E parecia que o pior ainda estava por vir. Parecia que Naum e
seus compatriotas em Jerusalém estavam atados e impotentes nas mãos de um
inimigo cruel e tirano (Naum 1:15-2:2).
Nínive ainda se achava no ápice da glória (Naum
3:16,17). Pelo tom da profecia, podemos deduzir com razão que a destruição de
Tebas era um evento relativamente recente e que a queda de Nínive ainda não
havia acontecido, embora profeticamente próxima. Por isso a data exata do
ministério de Naum provavelmente não foi antes de 650 a.C.
Se assim foi, na certa o profeta exibiu um ousado vôo de fé, declarando a segura destruição de Nínive, quando a nação ainda não mostrava sinal algum de declínio. Outras datas propostas para as atividades de Naum, tais como a do reinado de Ezequias, ou Joaquim, ou Zedequias, não estão seguramente atestadas pelos eventos históricos.
Porém, seja qual for a data correta do profeta, os
anais assírios não deixam dúvida de que por toda a história da nação os
assírios sempre foram cruéis, violentos e bárbaros, sempre jactando-se de suas
vitórias, regozijando-se de que “já não havia espaço para tantos cadáveres”, de
que “fizeram pirâmides de cabeças humanas” e de que “cobriam colunas com as peles
de seus rivais”. Foi sobre um povo assim que Naum foi ordenado a pronunciar a
destruição inexorável.
IV - Nínive - A
cidade ficava no lado oriental do Tigre, em frente à moderna povoação de Mosul.
Foi fundada por Ninrode de Babilônia (Gênesis 10:11) e dedicada especialmente à
deusa Istar. Era a capital dos reis da Assíria, de 1100 até 880 a.C., e em
seguida, novamente, depois que Senaqueribe tornou-se rei, em 705 e seguintes
a.C. Era considerada, de fato, como a cidade principal do império. Nínive era
três vezes fortificada por muros e fossos, fortalezas e torres, tendo seus
muros 12 Km de circunferência, sendo tão largos que sobre eles podiam trafegar
3 carros, lado a lado. Era essa Nínive a capital da raça de homens
provavelmente mais sensuais, ferozes e diabolicamente atrozes que já existiram
no mundo inteiro. Eram grandes sitiadores de homens, gritando
continuamente: “sítio, sítio, sítio!” Contudo, Naum declara que esses mesmos
sitiadores do mundo seriam no final sitiados (Naum 3:1 e seguintes). As ameaças
de Naum foram cumpridas de maneira extraordinária. Esaradon foi o último rei de
Nínive.
Os medos com os babilônios e outros derrubaram em
primeiro lugar todas as fortalezas existentes ao redor da cidade (Naum 3:12) e
em seguida sitiaram a cidade. Os ninivitas proclamaram um jejum de cem dias,
tentando apaziguar os seus deuses (Ver Jonas 3:15), mas apesar disso, a cidade
caiu. Kitesias descreve como a cidade sitiada passou sua última noite em orgias
e bebedeira, seguindo o exemplo do rei efeminado (Naum 1:10; 2:5). Para
precipitar a catástrofe, o rio Tigre transbordou, abrindo brechas nos muros,
quando o rei, ao constatar a iminente ruína da cidade, queimou-se vivo dentro
do palácio (Naum 3:15-19) e a cidade foi saqueada de todos o seu rico despojo,
em seguida (Naum 2:10-14). Nínive caiu em cerca de 611 a.C. Sua destruição foi
completa. Na atualidade nada mais resta da antiga cidade, além das grandes
montanhas chamadas Konyunjik e Nebi-Yunis. Tão completa foi em verdade a ruína
de Nínive que Alexandre, o Grande, por ali passou “sem saber que um império
universal estava sepultado sob os seus pés”. Luciano escreveu: “Nínive pereceu
e não ficou um rastro sequer de onde existira antes”.
IV - Conteúdo - As profecias de Naum correspondem naturalmente a três grandes divisões: 1. - Capítulo 1 - Um canto de triunfo sobre a queda iminente de Nínive, um canto sublime. 2. - Capítulo 2 - O juízo que virá: “a guarda dos leões” da cidade será destruída; a defesa é impossível. 3. - a iniqüidade da cidade: sua crueldade e avareza, sua diplomacia desonrada, sura prostituição e sua traição. Por isso, diz o profeta, Nínive há de cair totalmente, sob os aplausos das nações, nada restando para consolá-la. O poeta parece regozijar-se muito com essa destruição.
V - Forma poética
- Conforme sua estrutura poética o livro pode ser dividido em oito versos de
tamanho quase igual.
1. - Capítulo 1:2-6 - Uma descrição de Javé vingador, o qual não deixará impune o crime.
2. - Capítulo 1:7-12 - Para ser fiel ao seu povo, Javé precisa destruir Nínive.
3. - Capítulo 1:13 a 2:2 - O livramento prometido a Judá e o juízo prometido a Nínive.
4. - Capítulo 2:3-8 - Uma serie de brilhantes descrições da captura da cidade; fora, os inimigos brandindo gloriosamente suas armas, carros correndo pelas ruas, brilhando como relâmpagos. Contudo, ai, ai, ai, tarde demais! As portas foram abertas e seus guerreiros deram as costas, fugindo às pressas. A rainha foi feita cativa e suas donzelas se lamentavam, batendo no peito.
5. - Capítulos 2:9 a 3:1 - Os habitantes se enchem de grande terror: de “joelhos trêmulos”. A cidade sanguinária, antes cheia, agora é saqueada.
6. - Capítulo 3:2-7 - Novos carros correm contra a cidade condenada. Nada os atrapalha, exceto as montanhas de cadáveres que enchem as ruas da cidade. A desavergonhada rameira está prostrada e desnuda.
7. - Capítulo 3:8-13 – Assim, No-amón se rendeu; assim também terá de fazê-lo Nínive. Não há como escapar.
8. - Capítulo 3:14-19 - A resistência será em vão. Como a locusta devoradora, virão os inimigos de Nínive. De fato, seu rei já pereceu e o seu povo se encontra esparso como ovelhas sem pastor. Ao ver a sua queda, as nações se regozijam.
1. - Capítulo 1:2-6 - Uma descrição de Javé vingador, o qual não deixará impune o crime.
2. - Capítulo 1:7-12 - Para ser fiel ao seu povo, Javé precisa destruir Nínive.
3. - Capítulo 1:13 a 2:2 - O livramento prometido a Judá e o juízo prometido a Nínive.
4. - Capítulo 2:3-8 - Uma serie de brilhantes descrições da captura da cidade; fora, os inimigos brandindo gloriosamente suas armas, carros correndo pelas ruas, brilhando como relâmpagos. Contudo, ai, ai, ai, tarde demais! As portas foram abertas e seus guerreiros deram as costas, fugindo às pressas. A rainha foi feita cativa e suas donzelas se lamentavam, batendo no peito.
5. - Capítulos 2:9 a 3:1 - Os habitantes se enchem de grande terror: de “joelhos trêmulos”. A cidade sanguinária, antes cheia, agora é saqueada.
6. - Capítulo 3:2-7 - Novos carros correm contra a cidade condenada. Nada os atrapalha, exceto as montanhas de cadáveres que enchem as ruas da cidade. A desavergonhada rameira está prostrada e desnuda.
7. - Capítulo 3:8-13 – Assim, No-amón se rendeu; assim também terá de fazê-lo Nínive. Não há como escapar.
8. - Capítulo 3:14-19 - A resistência será em vão. Como a locusta devoradora, virão os inimigos de Nínive. De fato, seu rei já pereceu e o seu povo se encontra esparso como ovelhas sem pastor. Ao ver a sua queda, as nações se regozijam.
Quanto à forma poética, o livro de Naum é um dos mais lindos de todo o Velho Testamento. Nenhum outro profeta, exceto Isaías, pode-se dizer que se iguala a Naum em arrojo, ardor e sublimidade. Suas descrições são sumamente vivas e impetuosas. Sua linguagem é forte e brilhante, seu ritmo tem o estrondo do trovão, saltando e brilhando como um relâmpago, quando ele descreve os homens a cavalo e os carros. Por consenso geral, Naum é considerado um dos mestres do estilo hebraico. Sua excelência suprema não é a emoção, mas o poder de descrição, o qual, pelo seu indômito vigor e cor resplandecente, pelo expressivo e dramático de sua fraseologia, jamais foi superado.
VII - Mensagem
- O profeta realmente resume a sua mensagem em Naum 1:7-9. Ele é
preeminentemente um profeta que tem uma só idéia - a destruição de Nínive.
Convencido de que Javé, mesmo sendo tardio a irar-se, não deixará de se vingar
dos seus adversários, Naum projeta a luz do governo moral de Deus sobre Nínive,
entoando o canto fúnebre do opressor maior do mundo. É o castigo do Senhor, por
tanto tempo adiado, mas que é seguro e será completo e final.
Naum se diferencia notavelmente dos seus
predecessores, bem como dos seus contemporâneos - Jeremias e Sofonias - os quais
visavam primeiramente a reforma de Israel. Em vez disso, o estribilho ou refrão
de sua mensagem é uma certa forma de ardente indignação, expressando os
sentimentos reprimidos dos seus compatriotas, os quais têm sofrido perseguições
durante gerações, sentimentos que agora crepitam como chamas de fogo sobre o
inimigo nacional de Israel.
É a humanidade ultrajada que desperta e pede
vingança. Duas vezes se escuta o refrão que diz: “Eis que eu estou contra ti,
diz o SENHOR dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada
devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá
mais a voz dos teus mensageiros” (Naum 2:13 e 3:5).
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